O marketing do futuro: sustentabilidade e formação de hábitos

O marketing do futuro: sustentabilidade e formação de hábitos

Você, certamente, tem ouvido falar muito sobre temas como escassez de água, aquecimento global e esgotamento de recursos naturais. Uma das maiores preocupações do século é a possibilidade de um colapso das condições de vida no planeta. Diante desse cenário, o meio corporativo tem sido fortemente pressionado a adotar uma postura mais responsável e sustentável. Os consumidores – que estão mais ativos e exigentes – têm cobrado um posicionamento das empresas, que se veem obrigadas a repensar seus modelos de negócios, produtos, tecnologias e processos.

Como disse Kotler, “Se negligenciarmos a sustentabilidade, voltaremos à era de escassez. Se não fizermos o que é certo, entraremos na era do desmarketing ”.

Voltando ao tema do post, o hábito, é necessário lembrar que por detrás de qualquer empresa, há pessoas e que as decisões que essas pessoas tomam têm um grande impacto sobre a vida de outras pessoas. Como muitas de nossas decisões são tomadas de maneira inconsciente, guiadas por hábitos e emoções, chegamos ao ponto principal deste texto: para que um ponto de sustentabilidade seja alcançado, é necessário que os hábitos da população sejam reformulados.

Uma mudança de hábitos é fundamental para que as conquistas humanas – em todas as suas dimensões – continuem sendo alcançadas, prezando, no entanto, pela utilização racional responsável e repositora de recursos naturais e humanos. Mas de onde vem esses hábitos, como eles são formados e como podemos alterá-los?

Há um bom tempo se sabe que a formação de hábitos está associada a uma região do tamanho de uma bola de golfe, que fica bem no centro do nosso cérebro, os gânglios basais. No entanto a dominância de hábitos sobre as escolhas que fazemos de maneira consciente ainda não foi completamente entendida. Por isso, os hábitos continuam sendo estudados por diversos grupos de pesquisadores em todo o mundo.

Um estudo muito recente mostrou como os hábitos são poderosos em controlar as decisões que tomamos. Essa pesquisa foi a que forneceu as melhores evidências, até o momento, que há sistemas em nosso cérebro que são responsáveis pelo controle do nosso comportamento e que o comportamento guiado por hábitos compete com o comportamento guiado por metas, quando o assunto é controlar as nossas ações.

Segundo a pesquisa, alguns neurotransmissores (você já deve ter ouvido falar dessas moléculas que permitem que um neurônio “converse” com o outro) específicos acabam permitindo que os hábitos assumam o controle do nosso comportamento. Os resultados do estudo mostraram que esses neurotransmissores diminuem a atividade de uma região cerebral que está associada à tomada de decisão (o córtex orbitofrontal). De maneira bem resumida, esses neurotransmissores permitem que os hábitos assumam o controle.

Os pesquisadores treinaram ratos para realizar uma tarefa e receber uma recompensa. Essa tarefa era, inicialmente, guiada por uma meta – receber a comida – mas o comportamento dos ratos era facilmente transformado em um hábito. Quando os receptores desses neurotransmissores eram suprimidos, ou seja, eles perdiam a sua função, os ratos não formavam hábitos. O estudo mostrou que alguns neurotransmissores e o córtex orbitofrontal têm um papel muito importante na formação de hábitos e no domínio que eles exercem sobre o nosso comportamento.

Esse estudo aponta para um novo alvo de terapias que podem ajudar pessoas com transtornos obsessivos e vícios, mas isso foge um pouco do tema do nosso post. O importante aqui é entender que, de uma forma ou de outra, os hábitos serão formados. Esse é um processo natural, que otimiza a nossa tomada de decisão e permite que ações do dia-a-dia sejam feitas sem grandes esforços, deixando nosso processamento consciente disponível para realizar tarefas mais complexas. No entanto, as vezes é necessário reformular velhos hábitos, para garantir que um objetivo seja atingido.

Já que tanto se fala em “atender às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de que as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”, está na hora de revermos nossos hábitos de consumo e controlarmos algumas de nossas decisões com o nosso pensamento consciente.

Fonte: Neuron

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